Professor de Sociologia, iniciou seus estudos em História quando concluiu seu PhD em Harvard.
Em Flesh and Stone, ele relaciona o corpo humano no espaço urbano, mas eu só vou escrever um pouquinho sobre o capítulo em que Sennet aborda a Roma Antiga (ele não lembra o Elton John?).
Sennet expõe a importância da imagem para o povo romano. Olhar e acreditar. Ver e obedecer.(talvez não com essas palavras...).
Quando a gente vai estudar o tempo de Júlio César e o conseqüente império romano, a questão mais explorada é a importância da engenharia romana. (lembrando, Império Romano, não república)
Julius César, o marido de todas as mulheres e esposa de todos os homens, inicia o brilho de sua carreira militar quando cruza o Danúbio construindo uma ponte até então nunca vista, para cruzar o território com suas tropas, descer a porrada nos germânicos, voltar e destruir aquela magnifica construção, simbolizando que César pode fazer o que nenhum outro homem pode e faze-lo quando desejar. A ponte de César acompanha uma imagem romana de poder total.
E, depois da morte de César, Otávio empreende sua conquista pela herança e assume o título de Augusto. O império começa. (soou um pouco Darth Vader, néh?)
Ao longo dos séculos, os imperadores vão indo e vindo, e uma empreitada pela segurança no poder é expressa com tentativas de construções mais e mais magníficas. O imperador anterior é um ego fantasma que deve ser superado para se segurar no poder com o apoio do povo.
O fórum de Trajano, O Pathernon de Adriano, As termas de Caracala.
O Coliseu, erguido acima do Domus Aurea de Nero, construído a mando de seus sucessores, para que a imagem de Nero fosse esquecida pelo povo romano, mostra que a disputa engenhosa era consciente e exemplifica a idéia de Sennet.
Para que a população acreditasse naquele ser divinizado fielmente, ou para que ele tivesse o próprio ego posto a prova, os monumentos eram erguidos e fincados na vida romana. Sua memória e opinião coletivas eram drásticamente afetadas por essas imagens.
"O romano acreditaria e obedeceria o que visse."
Um exemplo filológico disso é que, segundo Paul Veyne, para os romanos, o céu noturno (que para nós é um infinito) era uma manto que cobria a terra.
Essa relação olhar e acreditar era a base da popularidade romana, e um dos maiores populistas de todos os tempos (olha, um anacronismo), Júlio César, talvez só tivesse conseguido centralizar o poder em suas mãos porque percebeu isso e conseguiu utilizar-se da engenharia para benefício próprio somando a sua capacidade diplomática e persuasiva fantásticas.
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