segunda-feira, 12 de julho de 2010

História e Memória - inscrevendo a História

Com o avanço da comunicação simbólica, é perceptível no maior esquema o ovo e a galinha uma mudança na função da memória coletiva.
O período da transmissão por inscrições é a História Antiga (Egito, Pérsia, Roma, Grécia...). Essa transmissão através da inscrição (de estelas, monumentos, um principio de escrita) vem para registrar eventos históricos. Eventos históricos, segundo Paul Veyne, seriam fatos que se destacam sobre uma uniformidade.
A memória coletiva é marcada com inscrições, provocando mudanças e registros, o que indica que a História Política e a mobilização social começaram a se complexar.
Lembra do Sennet?
Então, naquele mesmo texto do Flesh and Stone ele discute a importância da imagem no mundo romano, como a idéia do culto ao imperador, e a idéia da perpetuação de seus feitos em pedra, no comando de um império cuja riqueza se mede em carne, em numerosos escravos.
A idéia dos monumentos de Roma está ligada diretamente com personalidades, como o Fórum de Trajano, o novo Pantheon que Adriano manda erigir para provar seu valor, o desperdício de Nero em sua nova morada e a construção que marca o fim do império romano: o maior complexo de termas já feito, construído a mando de Caracala.
Le Goff foca nesse tipo de ação e não nas personalidades em si. Aliás, efeitos e causas, as inscrições, por exemplo, marcavam as comemorações e lembravam o que o Estado queria que fosse lembrado e comemorado.
O inicio da escrita, a inscrição, aparece para registrar fatos fora do cotidiano de uma civilização.
Vale ressaltar que esse tipo de documento oficial é e deve ser sempre explorada e re-explorada e talvez além de aumentar o número de tipos de fontes e incentivar historiadores a olharem com outros olhos para os vestígios do passado, é necessária uma releitura histórica dessas estelas, obeliscos, aquedutos, arenas, etc... A História é feita no presente, e muda como o próprio presente.
Um exemplo pertinente é a crença do historiador Serge Gruzinski, em A Colonização do Imaginário, de que o significado da epigrafia asteca não está apenas nas formas e seqüências que suas representação pictográficas estão dispostas e que há muito significado nas cores utilizadas, dando outro olhar a fontes já tão exploradas e mesmo assim trazendo novas informações.
E viva a História Nova!

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