domingo, 1 de agosto de 2010

História, não somente pela História - clareando a peste negra


Enquanto a discussão sobre a função da História tinha o sono de muita gente, uma galera que escreve livros e mais livros sobre "O que é História?" "Para que serve História?" "O que faremos com a História?" blá blá blá que também são interessantes e absolutamente importantes, vou por um outro caminho: a versatilidade de um bom historiador hoje em dia.
Se a História procura juro por Deus que eu não quero aprofundar na questão uma verdade sobre ações humanas em determinada época, tem de considerar a realidade da mesma época. E a realidade não representa apenas o panorama político, uma vez que a política e todas as ações políticas nada mais são que conseqüências do que se passa com a sociedade humana da época. História = só história política é concepção velha e passada.
E para observar uma sociedade temos que observar também: a psicologia, a medicina, a filosofia, a farmacologia, a engenharia, etc da época.
A História Nova busca muito isso.
A escola metódica se baseava nos documentos oficiais, isso lhe dava um limite X. Aumentaram as fontes: para fontes orais, com o apoio da antropologia, conferindo um limite muito maior. Fontes visuais, maior ainda, com o apoio das artes visuais. Cinematográficas com o apoio da psicologia. Os periódicos com ajuda do jornalismo e da própria psicologia. Os laudos e as grandes epidemias, com a medicina.
Vide a nova interpretação da peste negra da Idade Média: outrora era resultado da má alimentação, afetando principalmente a população pobre. Agora, com o apoio da medicina, descobriu-se que a peste negra nada tem a ver com a alimentação do individuo, e sim com o contato com os infectados dirigindo seus estudos a crer em um recuo populacional.
Um exodo rural ao contrário. Uma mobilização populacional na Europa medieval não havia sido cogitada até então (exceto, é claro, as invasões "bárbaras") como constante e seus indícios demográficos foram re-interpretados.
Uma vez que o exílio medieval em torno das muralhas provocou o que talvez foi a primeira guerra biológica. Reinos rivais jogavam corpos de falecidos pela peste nos rios que abasteciam as rivais, isso é claro na Baixa Idade Média, quando a peste pega pra valer.
E a história se refaz e renasce. Um historiador não pode mais ser mais do mesmo, até a tão explorada Idade média é reescrita com o apoio da psicologia pra não chutar o balde e dizer marketing com obras pouco populares até agora como "Idade média explicada para meus filhos" onde o grande chefão Le Goff analisa o imaginário medieval relembrando os mitos de princesas, dragões, bruxas e paladinos que nós esquecemos ao juntar a imagem de idade média com a da pura e simplesmente imagem católica.
E viva a audaciosa História Nova... e seu historiador mil e uma utilidades

Nenhum comentário:

Postar um comentário