domingo, 1 de agosto de 2010

Aristóteles e a História

Aristóteles diz, na lata, que a poesia é mais filosófica e séria do que a História em seu livro Poética, capítulo nono.
"A poesia é mais filosófica e séria do que a história, pois aquela fala principalmente do universal e a história do particular."
Só que, para Aristóteles, de poesia se entendia todos os mitos gregos, toda a memória e o conhecimento filosófico, toda a tragédia, toda a arte, em fim...
E o que seria a História em um mundo onde tudo se repete? E tudo se repete na sua visão filosófica da Grécia Antiga, o destino grego, combatido e enfrentado a todo o momento.
Ao mesmo tempo que o futuro é preciso, também é incerto porque os gregos lutavam constantemente para impedir/burlar seu próprio destino.
A vida grega se resume em recomeço. Sim, eles acreditavam em reencarnação, no entanto, sem uma perspectiva evolucionista. Complicado néh?
Então, se formos seguir o glorioso Paul Veyne, e nos perguntarmos se os gregos (que são vistos como os racionalistas, os pensadores, os bam-bam-bam da História Antiga) acreditavam em seus mitos a resposta pode ser sim: eles se utilizavam da mitologia para filosofar em cima dela, o que se parece muito com o que as pessoas de hoje em dia fazem com a bíblia, e o fato de que se estão em um ciclo e tudo que já aconteceu acontecerá novamente de outra forma, interpretar o "passado" corretamente consiste em prever o futuro.
Por isso a idéia do oráculo na Grécia Antiga: ele olha a roda da vida, do destino, da fortuna no sentido do futuro, enquanto o aedo a visualiza no sentido do passado.
Mora aí a importância do aedo, junto com a importância do mito até na Grécia clássica: a filosofia sobre o mito. A interpretação da roda.
Vide o grande matemático Pitágoras que lembrava e treinava os seus pupilos para lembrarem de suas encarnações passadas.
Logo, Aristóteles talvez não gostasse da história de Heródoto que conta o que aconteceu na roda sem uma interpretação tão filosófica quanto a história de hoje em dia.
Afinal, não é uma idéia grega olhar para o passado para prever o futuro?

Pitágoras: Voz do Saber
Píton: serpente do oráculo de Delfos, áquela que guarda o Saber.
Ágora: Voz. O espaço para debater e aprender.

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