domingo, 1 de agosto de 2010

Dionísio repetindo a História (em latim...)

Cronos temia que um de seus filhos o substitui-se como Godfather chefão do mundo antigo.
O que ele fez? Muito simples: engoliu seus filhos.
No entanto, seu filho caçula, Zeus, foi escondido pela mãe e criado pela avó a fim de que derrotasse o pai, assim como o próprio Cronos, o caçula dos titãs, incitado por Gaia, derrotou Urano.
Assim foi feito.
Só que na Grécia, o tempo era cosmogônico: um círculo. Tudo o que acontece já aconteceu e se repetirá. Só que de uma maneira diferente. Assim, na hierarquia divina da Grécia Antiga cujo tempo é cosmogônico, o filho caçula do novo chefão iria substituir o pai.
Zeus era então apaixonado por uma mulher, a mulher mais inteligente que já existiu, chamada (em algumas versões, Prudência) de Memória. Sabendo que tudo se repete, ele fez como o pai, para impedir a substituição, ao invés de engolir filho por filho, ele engole a mulher de uma vez muito mais prático....
No entanto, Zeus teve outros filhos na mitologia grega, e qual foi o último deles?
O culto a Dionísio, vindo do oriente, foi aceito em uma época muito mais recente em Atenas. Em um tempo em que os cultos estrangeiros estavam sendo duramente reprimidos.
O deus seria filho de uma mortal com Zeus, o último então a entrar como deus no Olimpo e o único ser filho de uma mortal com tal classificação divina.
Dionísio representa o vinho, as festas, as orgias. Tudo o que lhe acompanha com esse tom exótico oriental. Sábio, difícil de compreender e que tem um quê de perdição.
Zeus representa a ordem, os trovões.
Cronos representa as forças caóticas do universo, como o próprio tempo o é. O medo e o controle por trás disso.
Dionísio, a liberdade, o livre-arbítrio. A anarquia.
Não estaríamos, portanto, na era de Dionísio? Será que Zeus não foi páreo para seu filho caçula recém chegado do oriente?
Entre os mitos sobre esse deus, temos um que ele teria sido despedaçado pelos titãs quando Hera o atirou no Tártaro, no entanto sua mãe teria engolido seu coração e o gerado novamente.
E outro, o mais curioso ao meu ver, quando Dionísio vai até a mansão dos mortos para desafiar a morte para reaver sua mãe.
Oriente. Vinho. Mistério. Ressurreição.
Não te lembra alguém? Alguém para que o vinho é sagrado, alguém que teoricamente predomina nesse mundo onde temos orgias e perversões constantes?
É uma pena que a cultura grega não ficou tão viva hoje em dia, para colorir de grego arcaico a história que foi contada em latim.

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