sábado, 19 de junho de 2010

A mestiçagem


O Brasil é fruto de três culturas. O índio, o negro e o branco. Que bonitinho.
Porém, são poucos os historiadores que estudam o fator mistura que as culturas humanas possuem.
Vide os gregos: uma civilização formada pela miscigenação e contato de aqueus, eólios, jônicos e dórios. Mestiçagem pura. Dinamismo que viria a ser a base do mundo ocidental.
Um dos mestres no estudo dos contatos entre culturas é Serge Gruzinski, um historiador e paleógrafo francês especialista nos processos da conquista.
O cara é um PHD++ que fala português e analisa a mestiçagem e o produto cultural. Em seu livro A Colonização do Imaginário, Gruzinski implanta na cabeça do leitor a verdade de que uma cultura não nasce ou morre, se transforma. Analisa, por exemplo, a transformação na arte asteca depois do contato com a européia.
Você já imaginou nobres astecas indo para a Europa estudar mitologia grega, história, matemática, letras?
O pensamento mestiço explora essa idéia de miscigenação e A guerra das imagens trata sobre as representações para ambos os lados das diversas imagens e as traduções errôneas que aconteceram. Dois mundos tão diferentes se chocando que dão suporte a um outro título: A passagem do século: 1480-1520 - as origens da globalização, como os outros dois anteriores, livro de Gruzinski.
Essa idéia de mestiçagem é tão rica e tão pouco explorada que vale citar um dos exemplos mais ilustres da língua espanhola: Inca Garcilaso de la Vega, filho de uma princesa inca com um capitão espanhol, foi morar na pátria paterna devido ao perigo que corria no país natal, Peru, por sua linhagem nobre.
Ele era considerado bastardo para a coroa espanhola e através dele timos relatos daquela época sobre a nobreza inca e a tentativa de Hernando Soto de conquistar a Florida, assim como análises antropológicas fantásticas.
Conclusão do post: Gruzinski é o cara, fodão e eu vou devorar os livros dele nas férias.

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