Walter Benjamin morreu em 1940. Ele presenciou as Grandes Guerras, cometeu suicídio por causa da segunda. O pensador judeu registrou, brilhantemente, o efeito que a mudança do lidar com a morte causaria na sociedade ocidental.
Para Benjamin as pessoas não sabem mais ter experiências coletivas (do alemão Erfahrung). Apenas o individual é possível, apenas a vivência individual (do alemão Erlebnis). Isso coincide com a decadência da figura do ancião. Os conselhos do velho agora não são mais interiorizados. A perspectiva de uma morte próxima não traz legitimidade ao que está sendo passado.
Para entendermos, um ótimo exemplo é Buenos Aires: um povo altamente politizado. Que se une para fazer passeata, bater panela. Um povo que criou todo um sistema de política que permite essa politização e participação comunitária. No entanto, as pessoas não se olham na cara. Ninguém te diz bom dia, ninguém te ajuda quando perdes a chave do apartamento.
Um lugar com tanta gente que parece tão solitário. Pessoas conversando sem falar. Ouvindo sem escutar. Uma falta de social que somada a falta de missão e noção dentro de um mundo que construímos para nós mesmos pode ser fatal. E quando é nós a batizamos de pós-moderna.
O que acompanha a criação do jornal, que servia para que o Bonjour não fosse desperdiçado com todo mundo no metro parisiense. Acompanha ainda, em 2010, um vendedor dizer "Bom dia" e você o responde com a quantidade de produto que quer.
A música de Simon & Garfunkel, Sons do/e Silêncio expressa essa falta de Erfahrung. Tudo isso por uma mudança de tato com a Morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário